domingo, janeiro 18, 2009

Carlsberg Cup: provavelmente, a pior taça do Mundo...

Não me agrada este modelo da Carlsberg Cup. A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) que promoveu a redução dos campeonatos profissionais que tutela de 18 para 16 equipas é a mesma que agora decidiu criar uma nova competição, escudando-se no argumento de que mais jogos equivaleriam a maiores receitas. Angariou novo patrocinador (Carlsberg) e prometeu espectáculo.

Contudo, a LPFP sabe perfeitamente que só há receitas (leia-se direitos televisivos) se houver interesse dos adeptos nesta competição. E, em Portugal, só há interesse (pelo menos, que se veja) se os "grandes" estiverem envolvidos. Como Porto, Sporting e Benfica têm mais com que se preocupar, aproveitam esta competição para promover a rotatividade do plantel. E como a Carlsberg Cup não dá acesso a qualquer competição europeia, nem os próprios clubes pequenos dão grande importância a este fait-divers do calendário futebolístico nacional.

Na 1ª edição do troféu, os grandes entraram nos 1/8 final, ou seja, com 16 equipas em prova, numa eliminatória a apenas uma mão e na casa da equipa teoricamente mais fraca (determinada pela classificação do ano transacto). Que risco enorme! O Porto foi logo eliminado em Fátima e, na Reboleira, o Benfica só conseguiu superar o Estrela da Amadora nos penalties. Mas caiu mesmo na ronda seguinte, mérito do Vitória de Setúbal, que viria a vencer a prova. Só o Sporting chegou à poule final, em que 4 equipas jogaram entre si, a uma volta (ao invés de optar por meias-finais convencionais, a LPFP promoveu aqui mais uma tentativa de aumentar o número de jogos - 3 por equipa e não 1).

Para esta 2ª edição, dado o fracasso da edição inicial, a LPFP optou por alterar o formato. Os "grandes" entraram quando apenas restavam 12 equipas em prova e directamente numa fase de grupos. Assim, não só estavam garantidos pelo menos 3 jogos para Porto, Sporting e Benfica (isto na lógica comercial de que só estas equipas geram interesse rentável), como estes ainda acabavam por ter a possibilidade de corrigir um eventual mau resultado. Em cima disto tudo, o "capricho" do sorteio ainda ditou que Porto, Sporting e Benfica jogariam dois jogos em casa nesta fase de grupos.

E assim, com todos a ajudar para o mesmo lado (FC Porto - Vitória de Setúbal, com Bruno Vale e Leandro Lima a ajudarem a casa-mãe; Rio Ave - Sporting, com golo de Vukcevic em posição acampada de fora-de-jogo e Benfica - Belenenses, com Bruno Paixão a emendar os erros de Moretto), os grandes lá caminham alegremente para as meias-finais, para enorme contentamento de Hermínio Loureiro e seus pares. Enfim, é o futebol que temos.

P.S.: Não gosto nada de Jesualdo Ferreira, mas tenho que lhe dar razão. É absolutamente impensável que os jogos desta última jornada da fase de grupos se disputem com horários tão díspares. É de um amadorismo gritante, que em nada credibiliza esta competição. Já lá vai o velho ditado, pau que nasce torto jamais se endireita...

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Parabéns Cristiano Ronaldo, parte 2

Cristiano Ronaldo foi eleito, justamente, o Jogador Mundial FIFA do Ano de 2008. Na votação de treinadores e capitães de todas as selecções mundiais, Ronaldo bateu por larga margem Messi e Fernando Torres.

Não creio que Ronaldo seja novamente galardoado daqui por um ano, mas o 2008 foi dele. Por isso e porque já escrevi tudo o que tinha a escrever acerca deste assunto aquando da atribuição da Bola d'Ouro, fico-me por: Parabéns Cristiano Ronaldo!

Ó Jesus, só na Playstation, pá!

Compreendo perfeitamente aquilo que os responsáveis do Braga sentem neste momento. Já estive do outro lado e sei o que custa. Mas ao invés de seguir o trilho da polémica, prefiro realçar a excelente exibição e, sobretudo, a superior organização dos arsenalistas relativamente ao Benfica. Talvez não tenha o dom da oratória, talvez não tenha o perfil indicado para treinar um "grande", talvez até nunca venha a ter essa oportunidade, mas Jorge Jesus é definitivamente um dos melhores treinadores portugueses da actualidade. Todos lhe reconhecem mestria táctica (aliás, ele próprio não se coíbe de o assumir publicamente), mas Jesus brilha também pelos elevados níveis de motivação que consegue incutir nos seus jogadores, bem como pela forma minuciosa como estuda os adversários.

Se atentarmos na equipa-tipo do Braga de Jesus, constatamos facilmente que apresenta sempre de início 5 jogadores de características vincadamente ofensivas, caso isolado no futebol nacional. Dir-me-ão que o FCP joga com 3 avançados e Meireles e Lucho também atacam e que o próprio Sporting apresenta 2 pontas-de-lança, Izmailov, Vukcevic ou Romagnoli e ainda Moutinho. Concordo. Ainda assim, intrinsicamente, Meireles, Lucho e Moutinho defendem e atacam.

No Braga não é assim. À frente dos 4 defesas (em que João Pereira e Evaldo até são laterais muito ofensivos), Jesus coloca o vulgo trinco (Vandinho) e, daí para a frente, só temos artistas e pontas-de-lança. Se quisermos, Alan, Luís Aguiar, César Peixoto, Meyong e Renteria, ou ainda, Matheus, Jorginho, Paulo César e o incompatibilizado Linz. Dificilmente encontramos tão vasto arsenal ofensivo nas outras 15 equipas da Liga Sagres.

O Braga assume os jogos como os 3 grandes, privilegiando a posse de bola e o ataque organizado e continuado. Aliás, essa foi precisamente a atitude evidenciada na Luz, em que o Benfica sofreu para ter a bola e, quando a teve, viu-se obrigado a contra-atacar. De facto, com tantos artistas na equipa, nem faria sentido eles terem que passar a maior parte do tempo a correr atrás da bola e a defender. Pelos vistos, esta estratégia dá mesmo frutos e a bola deve andar pouco tempo perto da área de Eduardo (claramente, o guarda-redes português em melhor momento), pois o Braga é a melhor defesa da Liga Sagres, com apenas 6 golos sofridos nas 14 jornadas do campeonato. E aquele golo sofrido na Luz foi o que foi...

terça-feira, janeiro 06, 2009

Erros, erros e mais erros e lá se vai a liderança

E ao 13º jogo, o Benfica lá perdeu na Liga Sagres. Dados os recentes desempenhos da equipa de Quique Flores, todos tinham consciência que tal aconteceria mais cedo ou mais tarde. Mas ninguém esperava era que essa derrota surgisse na Trofa, frente ao até então lanterna vermelha da prova.

Contudo, a vitória do Trofense sobre o anterior líder do campeonato até acabou por ser um resultado justo e que só surpreende quem não assistiu à partida. Aliás, treinador e jogadores do Benfica acumularam uma série de erros que levaram a que este desfecho se tornasse quase inevitável.

Os problemas começaram logo antes da pausa natalícia. Numa das últimas conferências de imprensa antes das mini-férias, Quique Flores afirmou que a sua equipa técnica tinha preparado um plano físico e alimentar de 7 dias para os jogadores e que esperava que estes cumprissem pelo menos 3 desses dias. É impressão minha ou isto é confiar demasiado no profissionalismo dos rapazes? É que a partir daquela frase, de certeza que a malta se sente imediatamente à vontade para não resistir à tentação dos sonhos, das fatias douradas, das filhós, do bolo-rei, do espumante e por aí fora. E fisicamente, o Benfica tem sido tudo menos brilhante.

Entra o Ano Novo, o Sporting passeia em Setúbal, o Porto garante os 3 pontos in-extremis na Choupana e o Benfica entra em campo, na Trofa, frente ao último classificado, embrulhado nos equívocos tácticos do costume, com aquele 4-4-2 clássico que obriga a equipa a jogar sistematicamente em inferioridade numérica no centro do terreno. Ainda se depois o Benfica desequilibrasse os adversários nas alas...

Junte-se-lhe o desperdício da colocação do melhor médio-centro do plantel (Rúben Amorim) na faixa direita; a incapacidade de Di Maria; e a insistência em apostar no desgraçado do Binya que até corre muito, mas bate ainda mais e cuja habilidade intrínseca para jogar futebol é simplesmente inexistente. Depois, há Carlos Martins e Aimar que, fustigados por lesões e sem ritmo competitivo, nunca conseguiram “ter” a bola, pegar no jogo e servir Suazo, cuja colocação como ponta-de-lança também não potencia as suas principais características, o poder de explosão e a velocidade.

O Benfica foi incapaz de criar jogadas de perigo na 1ª parte, exceptuando um cabeceamento de Suazo no minuto inicial (belo cruzamento de Jorge Ribeiro, que foi obrigado a jogar a lateral e a extremo, o que depois origina autênticas crateras nas suas costas) e um outro lance em que Aimar aparece completamente sozinho, com tudo para fazer o golo, mas em que não consegue fazer melhor do que rematar à figura. Apetece perguntar quando é que o verdadeiro El Mago vai decidir mostrar-se e calar todos os detractores que o dão como acabado para o futebol…

Os erros seguintes desembocaram no primeiro golo do Trofense. Numa bola parada ofensiva, a segunda bola sobra para Di Maria, que a perde duas vezes consecutivas e dá origem a um contra-ataque rapidíssimo do Trofense. Reguila aparece isolado pela direita e decide-se pelo remate, a bola sai à figura, mas até Moreira se junta à festa e dá um valente frango (Quim não saiu ao primeiro erro, portanto duvido que Moreira saia agora, com excepção da Taça da Liga).

Para a segunda parte, Quique tentou equilibrar a equipa, com a saída do inoperante Di Maria e a entrada de Cardozo (mesmo lento e desmotivado, é o goleador máximo da equipa). O 4-4-2 clássico passou a losango e o Benfica até parecia aproximar-se do empate, mas os disparates ainda não tinham terminado e eis que Binya vê dois amarelos. Imediatamente, Quique tira os outros médios do losango (Amorim e Martins) e lança Yebda e Balboa. Outro disparate, pois de um momento para o outro, o Benfica passa de 3 para apenas um médio, permitindo ao meio-campo do Trofense engolir facilmente aquilo que sobrava das águias. Logo aí, o jogo ficou resolvido e o 2-0 só serviu para dar ainda mais brilho à exibição abnegada do Trofense.

E para terminar o chorrilho de asneiras, Quique Flores teve ainda a audácia de afirmar no flash-interview que a substituição de Binya estava a ser preparada, através dos necessários “dibujos” (desenhos, em espanhol)… Relembro que o Benfica estava a perder e que o camaronês foi amarelado aos 49’ e aos 64’… Isto dá o quê? 15 minutos de desenhos?

P.S.: Rui Costa não teve medo e enfrentou os furiosos adeptos no final do jogo. Ficou na retina a expressão “O que é que querem que eu faça?!”. Como eu te percebo, Rui! Fica um conselho, vai buscar o Pedro Mendes, que o Rangers está aflito de dinheiro e o SLB está aflito de um médio-centro em condições.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Nacional 2-4 Porto, um hino ao futebol e um hino à burrice

Vejamos:
- 90 minutos de jogo;
- A minha equipa esteve a ganhar, sofreu a reviravolta, mas depois até conseguiu recuperar e está empatada com o tricampeão nacional;
- Um adversário desfere um remate de longe, típico das equipas que estão à beira de perder pontos quando não o esperavam;
- O tal remate nem aparenta ser muito perigoso, mas ainda assim, na baliza até está um guarda-redes de excelentes reflexos, que está a cotar-se como um dos melhores em campo.
Sou defesa-central desta equipa, chamo-me Felipe Lopes, aproveitei a lesão do Halliche para ganhar o lugar nos últimos jogos e agora o que faço? Pois bem, vou cortar a bola com a mão, dentro da área, de forma evidente e até pessimamente disfarçada.

Obviamente, Pedro Proença não teve dúvidas e apontou para a marca da grande penalidade (advertindo o tal central pouco inteligente com o segundo amarelo e consequente vermelho), Lucho não tremeu (ele que até tem falhado vários penalties nos últimos tempos) e o Porto ganhou 2 pontos que provavelmente já dava como perdidos. Já o Nacional de Manuel Machado deixou fugir um pontinho que decerto seria extremamente saboroso e que iria encher o ego do seu treinador, o qual, decerto, não enjeitaria a oportunidade para passear a sua famosa verborreia léxico-gramatical pela conferência de imprensa e afins.

Mas apesar deste detalhe que acabou por decidir o jogo, não posso deixar passar em claro a exibição espectacular de Cristián Rodríguez. Sim, começou mal a época e a sua contratação provocou instabilidade salarial nos colegas, mas a verdade é que o Cebola tem subido, e muito, de forma e assume-se cada vez mais como um dos jogadores mais decisivos da Liga Sagres. E que dizer daquele pontapé de bicicleta…

P.S.: O Hulk lá meteu mais dois golitos, o primeiro numa recarga a defesa de Bracalli e o segundo em mais uma arrancada “à Hulk”, com a bola colada ao pé esquerdo, seguido de um remate fulminante.

Vitória fácil em Setúbal confirma bom momento do Sporting

O Sporting deslocou-se a Setúbal não só com o desígnio natural de querer vencer o seu jogo, mas também com o objectivo de pressionar os rivais Porto e Benfica, que apenas entravam em campo no dia seguinte e igualmente na condição de visitantes.

A missão leonina não se afigurava de elevado grau de dificuldade, pois desde o início de Outubro que o Vitória de Setúbal tem vindo a apresentar um rendimento bastante pobre. De facto, depois de obter 7 pontos nos 4 primeiros jogos da Liga Sagres, no último trimestre de 2008 os sadinos apenas somaram 4 pontos (em 8 desafios), fruto de uma vitória caseira sobre o Belenenses e do célebre empate na Luz, conseguido graças à “boa-vontade” de Quim.

Até Paulo Bento decidiu facilitar a sua própria vida, ao optar por deixar o inócuo Romagnoli no banco (no caso, apostando em Vukcevic). A meu ver, o Sporting só tem a ganhar com esta alteração, dada a apatia gritante que El Pipi demonstra na maioria das suas acções. Com Vuk o Sporting ganhou garra, velocidade e acutilância, pelo menos em teoria, já que o montenegrino, claramente a acusar défice de ritmo de jogo, até acabou por nem realizar uma exibição de encher o olho.

Quanto ao jogo propriamente dito, o inevitável Liedson e o incansável Moutinho resolveram a partida ainda na primeira parte e, sem grande alarido, o Sporting somou os 3 pontos e colou-se aos rivais. E são 13 pontos conquistados pelos leões nos últimos 15 disputados (desde a derrota caseira com o Leixões). Só a Académica resistiu, graças à exibição memorável de Peskovic no Alvalade XXI.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Os três empatas

- O campeonato português tem cada vez menos golos (estamos na cauda das principais ligas europeias, com uma média miserável de 2,09 golos por jogo);
- Progressivamente, à medida que os anos vão passando, cada vez é mais difícil aos três grandes vencerem os jogos em casa, face a adversários menos cotados e menos dotados.

É com base nestes dois factos estatísticos, indesmentíveis, que por vezes acontecem fenómenos quase inexplicáveis como aquele que ocorreu nesta última jornada da Liga Sagres (última do ano civil de 2008): nulos caseiros, simultâneos, de Sporting, Porto e Benfica, contra equipas teoricamente menos apetrechadas.

Podem apontar-se como principais denominadores comuns a estas escorregadelas não só a tradicional ineficácia (ou precipitação) no momento da concretização, mas também a boa organização defensiva dos adversários, acentuada pela inspiração dos respectivos guarda-redes, sobretudo Peskovic, que assinou prestação magnífica no Alvalade XXI, ajudando sobremaneira a Académica a levar um sempre importante pontinho para Coimbra.

Esta última frase serve para introduzir outro tema fundamental, que explica parcialmente os tais dois factos estatísticos que enumerei no início deste post. Refiro-me concretamente à mentalidade da conquista do “sempre importante pontinho”, que é apanágio de quase todas as equipas que jogam no Dragão, no Alvalade XXI ou na Luz. A popular expressão do “estacionamento do autocarro à frente da baliza”, que voltou ao imaginário dos adeptos do futebol quando Mourinho a reciclou nos tempos do FCP, é seguida à laia de cartilha pela vasta maioria dos treinadores da nossa praça: defender bastante atrás, com marcações cerradas e apostar tudo num esporádico contra-ataque ou num eventual lance de bola parada.

As chamadas equipas pequenas têm vindo a aperfeiçoar este tipo de futebol e defendem cada vez melhor (à custa da aposta na organização ofensiva), o que torna o nosso futebol cada vez mais enfadonho. Os italianos dizem que defender é uma arte mas até na Serie A se marcam mais golos do que no nosso campeonato!

Finalmente, não posso deixar de criticar a falta de urgência com que sobretudo Benfica e Sporting atacaram este último jogo.

O Sporting deu a 1ª parte de avanço à Académica, parecendo aguardar que o golo caísse do céu (ou que Liedson inventasse qualquer coisa…) e só entrou verdadeiramente em ponto de ebulição aos 65 minutos, quando Paulo Bento se decidiu finalmente a abdicar do inócuo Romagnoli, apostando no regressado Vukcevic.

Mas o mais curioso é que o Benfica ainda conseguiu superar este “feito” do Sporting. Sabendo de antemão que os rivais tinham escorregado e que uma vitória aumentaria a vantagem face à concorrência, o Benfica bocejou durante 45 minutos e, quando se esperava que entrasse a todo o gás após o intervalo, viu o Nacional criar 3 oportunidades claríssimas de golo nos primeiros 10, 15 minutos do segundo tempo! E só aos 68 minutos e graças à lesão do super-inconsequente Di Maria (como é possível existirem grandes clubes europeus interessados nesta amostra de futebolista?!), é que Quique Flores abdicou do inócuo 4-4-2 clássico, apostando no 4-4-2 em losango, muito mais adequado às características dos jogadores disponíveis (não havia Reyes) e aquele que melhor poderia potenciar a criação de mais problemas ao esquema defensivo do Nacional (os três centrais continuavam a encaixar em Suazo e em Cardozo, mas os laterais deixavam de ter referências para marcar e os médios nacionalistas perdiam a superioridade numérica de que beneficiaram até então).

E depois, claro, ambos os jogos terminaram como esperado, ou seja, com Sporting e Benfica a tentarem resolver, com sofreguidão e em meia dúzia de minutos, aquilo que preferiram ir adiando durante os 60 minutos iniciais.

P.S.: Não comento o lance polémico do Benfica – Nacional. Quer Pedro Henriques tenha tomado uma decisão certa ou errada, considero-o o melhor árbitro português e acima de qualquer suspeita ao nível da sua integridade moral. O Benfica deveria ter procurado resolver o jogo mais cedo e devia abster-se de tentar disfarçar as péssimas opções de Quique Flores e a falta de motivação e de inspiração dos seus jogadores com a desculpa da arbitragem. É um puro fait-divers e, decididamente, o futebol português não precisa de outro Paulo Bento.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Máquina cada vez mais oleada

O Porto está cada vez mais forte. Esta é a principal conclusão que se pode retirar da recente série de triunfos consecutivos. Desde a derrota na Figueira da Foz, com a Naval (no início de Novembro), o FCP disputou 9 partidas, das quais venceu 8, empatando apenas em Alvalade, para a Taça de Portugal (mas garantindo o apuramento nas grandes penalidades). Entrecortadas por êxitos nas competições internas estiveram ainda as vitórias em Kiev, em Istambul e sobre aquele conjunto de miúdos que veio disfarçado de Arsenal, que lhe valeram o 1º lugar no seu grupo da Liga dos Campeões. E enquanto não conhece o seu adversário nos oitavos-de-final desta competição, o Porto vai somando pontos no campeonato sem dificuldades de monta e já igualou o Leixões, com quem partilha a vice-liderança, a 2 pontos do Benfica.

Quais serão as razões para esta subida de forma?
- A defesa está mais sólida (apesar dos 7 golos sofridos nestes 9 jogos), algo potenciado pelo regresso à titularidade de jogadores como Hélton e Fucile, bem como pelo crescente entrosamento de Rolando com os seus novos colegas. Ainda assim, parece-me que Pedro Emanuel continua a não constituir a solução ideal para a lateral-esquerda;
- O crescimento de Fernando. O "menino" está a perder a vergonha e a assumir-se cada vez mais como o substituto natural de Paulo Assunção.
- A subida de forma de Rodríguez. O Cebola começa finalmente a justificar os milhões investidos directa (aquisição do passe e ordenado principesco) e indirectamente (aumento de ordenado oferecido a Lucho, de forma a colocar a remuneração d'El Comandante ao nível da do uruguaio) na sua contratação.
- Lisandro continua a ser igual a si próprio, abnegado, raçudo, inteligente. Adicionalmente, parece ter redescoberto o instinto goleador que ostentou na última época, do qual parecia estar algo afastado.
- Finalmente, e mais importante do que tudo o resto, a ascensão de Hulk. Como é que é possível Jesualdo Ferreira não ter apostado mais cedo e de forma mais decidida nesta força da natureza? Mariano Gonzalez, Tomás Costa, até Tarik Sektioui (ainda que de forma mais intermitente), todos eles dispuseram de oportunidades e minutos, muitos minutos. Mas nenhum deles, ou melhor, eu atrever-me-ia a dizer que todos juntos não produziram metade daquilo que este jovem brasileiro oriundo do campeonato japonês tem mostrado. Apesar de ainda denotar algum individualismo, Hulk tem deliciado os amantes do futebol com inúmeras arrancadas fulminantes e golos decisivos, fantásticos, dignos de figurar em qualquer ranking da especialidade.

Em suma, à medida que nos aproximamos do Natal (e de mais uma paragem do nosso campeonato), o Porto é claramente uma equipa em crescimento contínuo, em excelente momento de forma. Parece estar mais forte que a concorrência e, sobretudo, mais confiante.

Será o Benfica capaz de segurar a liderança na próxima jornada e assim passar o Natal e o Ano Novo na frente? Sinceramente, penso que sim. Contudo, creio que a época natalícia será bem mais tranquila na Torre das Antas e no Dragão do que na Segunda Circular.

domingo, dezembro 14, 2008

Zlatan, o mágico

Os prémios individuais estão na moda. Pudera, estamos no final do ano! Ele é a Bola d'Ouro. Ele é o prémio FIFA para o Jogador Mundial do Ano. E por aí fora. Os craques acotovelam-se para tentar chegar a uma destes distinções. Sim, já sabemos que este ano vai tudo para o Cristiano Ronaldo. Por muito que o Messi ande nas bocas do mundo, ou que os espanhóis reclamem por causa da vitória no Euro'2008.

Mas em Milão mora um artista da bola, que se calhar merecia maior atenção do que aquela que lhe dão. Não, não me estou a referir ao Kaká. Refiro-me a Zlatan Ibrahimovic, o recorrente salvador do Inter de Mourinho.

Desde que começou a época, em quase todos os jogos do Inter, lá aparece aquele momento mágico, em que o sueco toma a bola como uma extensão do seu corpo e encanta a plateia, seja com um golo de levantar o estádio, com um passe de morte ou com uma finta executada com a lentidão própria de alguém com a sua estatura, mas que, mesmo assim, deixa os adversários presos ao relvado.

2008 não foi propriamente, na sua globalidade, um ano vintage para Ibrahimovic. Mas é uma pena que estes recentes lampejos de genialidade não possam ser aproveitados para as consagrações individuais do final de 2009. Que pena estarmos ainda em Dezembro...

Montanha-russa de resultados... e adeus Taça

A euforia é um estado de espírito desaconselhável a qualquer equipa de futebol. E, no futebol português, o Benfica é o caso mais paradigmático de quão depressa bestiais jogadores ou treinadores se podem tornar em verdadeiras bestas.

Por isso, quer-me parecer que o Benfica de Quique Flores insiste nesta irregularidade de resultados precisamente para evitar euforias desmedidas, principalmente por parte dos seus dirigentes e dos seus adeptos. Luís Filipe Vieira é especialista em colocar a equipa de futebol nos píncaros, quer isso se justifique ou não. E quanto aos adeptos, todos sabemos que basta um resultado positivo num jogo complicado ou um score mais expressivo, para que logo qualquer título deixe de ser uma miragem, para passar a ser uma certeza insofismável.

Num terreno muito difícil e sob condições meteorológicas extremamente adversas, Leixões e Benfica protagonizaram o espectáculo possível, sempre emotivo, mas nem sempre de boa qualidade, sobretudo no prolongamento, à medida que o cansaço dos jogadores aumentava proporcionalmente ao medo de perder e na razão inversa à vontade de vencer sem recurso ao sempre ingrato desempate por penalties. O golo não apareceu, vieram os tais penalties e, como é normal acontecer nestas situações, falhou o jogador mais conceituado – Reyes.

E, cá está, imediatamente após a goleada infligida ao Marítimo, no Funchal, o Benfica vê-se eliminado da Taça de Portugal Millennium. É verdade que o sorteio não foi favorável, é verdade que o Benfica até nem jogou mal, é verdade que nenhuma das equipas merecia perder e é verdade que os penalties são sempre uma lotaria.

Mas também é verdade que, depois do desastre que foi a participação na Taça UEFA, o Benfica de Quique Flores vê fugir outro dos objectivos para 2008/2009. Sobram a Carlsberg Cup e a Liga Sagres, maior objectivo de qualquer época, em que o Benfica até acabou de agarrar a liderança, na entrada do 2º terço da competição.


Isto, claro, a não ser que aconteça um verdadeiro golpe de teatro na próxima quinta-feira…

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