quarta-feira, abril 06, 2005

Aguenta coração!

SuperLiga

Domingo à noite. O Sporting esmagara o Boavista na véspera, o Porto acabara de bater o Gil Vicente com penas e trabalhos. Estádio da Luz praticamente cheio. Cheirava a título, até o encarregado do departamento de limpeza dizia, num sketch do Gato Fedorento (ou pelo menos da sua parte benfiquista) que passava nos placards electrónicos. Ambiente fantástico. Gritava-se pelo Benfica a plenos pulmões, com gosto e não apenas para fazer a vontade ao speaker.

Nuno Gomes marca aos 6'. O Marítimo empata de imediato, mas o Benfica chega rapidamente ao 3-1. Ouve-se o grito, reprimido por uma década, "nós só queremos o Benfica campeão". van der Gaag reduz à passagem da meia-hora. O espectro de uma reedição do jogo com o Rio Ave paira no ar. O intervalo serena as emoções, mas a 2ª parte começa com o golo do empate. A impaciência instala-se e ouvem-se alguns assobios.

Por volta dos 65', Mantorras é chamado para entrar na partida. A expectativa é enorme. O crescendo da resignação dá lugar a uma fé inabalável, a uma crença na vitória.

Nuno Gomes marca, mas o árbitro anula por indicação do assistente. O relógio avança galopante. Luisão atira ao poste na sequência de um canto. Sobrevaloriza-se a dificuldade dos jogos que faltam, desvaloriza-se a dificuldade do calendário dos rivais. Karadas substitui Nuno Assis, é mais um para o "barulho". Uns desesperam, outros acreditam no milagre.

Eis que aos 86', chuveirinho para a entrada da área, Karadas toca de cabeça e Mantorras remata. Com pouca força. Marcos toca na bola. Mas não impede que ela ultrapasse a linha fatal. O estádio irrompe num momento de delírio, estranhos abraçam-se, os cachecóis são agitados freneticamente. Os gritos de "Benfica" sucedem-se, cada vez com mais força, até ao apito final, que origina um enorme suspiro de alívio. A 2ª final estava ganha, faltam 7. Os jogadores envolvem-se num abraço comum, de união, a meio-campo, do qual o público se sente parte integrante.

Só podia ser ele, nem era concebível que o protagonista fosse outro. O final podia não ser o mais feliz, mas a acontecer, estava destinado a ter aquele gostinho especial. Simplesmente Mantorras.

P.S.: Parabéns ao Marítimo, pela excelente exibição! Futebol de ataque, 4 unidades claramente viradas para o ataque, o vigoroso Chainho a encher o campo e... uma defesa de papel.

P.P.S: Que necessidade têm os jogadores do Sporting (curiosamente os mais experientes) de responderem às provocações de elementos ligados a uma equipa que acabaram de golear (e de forma absolutamente justa), pela segunda vez nesta época?

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