terça-feira, novembro 04, 2008

O palhaço e a pantera

Ao depararem-se com o título acima, os mais desatentos ao fenómeno do futebol poderiam pensar que tratar-se-ia de um qualquer número de circo.
Caso contrário, já terão percebido que me refiro a Pablo Aimar e David Suazo.

O futebol é obviamente um jogo de equipa, em que o talento individual até pode decidir um jogo, mas nunca um campeonato. Prova disto é que, certamente, todos concordarão que o esforço e a superação de todos os jogadores foram essenciais para ajudar o Benfica a resistir ao futebol (demasiado) directo do Vitória de Guimarães, à expulsão (justa) de Reyes e à arbitragem infeliz de Carlos Xistra (que "inclinou o campo", com uma dualidade de critérios atroz, quer técnica quer disciplinarmente).

Contudo, por mais incidências que tenham apimentado o resto da partida, esta será para sempre recordada pela jogada do primeiro golo do Benfica. Andrezinho trabalha sobre Jorge Ribeiro na direita, a meio do meio-campo do Benfica. Executa um passe para o centro do terreno, mas em direcção a Aimar. A visão de jogo do Payaso descortina a desmarcação da Pantera. Pede-se um passe em profundidade para a velocidade do hondurenho. Mas a bola dirige-se para o pior pé do argentino, o esquerdo. A solução? Um espectacular passe de letra, una rabona, de primeira, com precisão milimétrica! Suazo arranca atrás de Danilo e bate-o em velocidade. Grégory vem dobrar o colega, mas o hondurenho muda de direcção, iludindo o francês e "sentando" Danilo. Com a bola controlada, Suazo está à entrada da área, na cara de Nilson. O remate é forte, rasteiro e cruzado, para a direita do guarda-redes. Nilson ainda toca na bola, mas não há nada a fazer. Este lance está destinado a acabar em golo. E que golo!

Futebol é isto! Parece um cliché digno de um Jorge Jesus, mas por mais que a indústria deste desporto vá evoluindo, a verdadeira essência deste jogo nunca mudará!

1 Comments:

At 11:25, Anonymous Anónimo said...

Sem dúvida que o colectivo ganha campeonatos e o individual pode ganhar jogos. O exemplo foi o que sucedeu em Guimarães e para mim mais importante que o passe do Aimar foi a arrancada fantástica do Suazo, a fazer relembrar Mantorras de há uns anos.
Quanto ao passe do Aimar, sem dúvida que é delicioso, mas se ele fizesse aquele passe com o pé esquerdo, seria menos vistoso mas não menos brilhante.

Abraço

 

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