sexta-feira, novembro 14, 2008

As opções de Queiroz

As convocatórias para a Selecção Nacional são sempre um tema polémico, seja na antecâmara de um Europeu ou Mundial, ou apenas para a disputa de um jogo particular. E a partida com o Brasil, a disputar-se dentro de uma semana, não é excepção. Ainda para mais porque Carlos Queiroz voltou a elaborar uma convocatória que não está isenta de surpresas, tal como tem sido seu apanágio desde que regressou ao comando da nossa selecção.

Na baliza, nada a dizer. Quim e Eduardo têm sido as opções de Queiroz e são-no com inteira justiça. Aliás, se atentarmos no lote dos melhores guarda-redes portugueses, são os únicos que são titulares indiscutíveis, contrariamente ao que sucede com Ricardo, Moreira e Nuno Espírito Santo. Daniel Fernandes, Beto e Rui Patrício estarão num patamar inferior.

Quanto aos laterais, se Bosingwa e Miguel (a subir de forma no Valencia) são indiscutíveis, confesso que não entendo a insistência em Paulo Ferreira. Não é titular no Chelsea, na sua posição de raiz é claramente inferior aos jogadores supracitados e a sua adaptação ao flanco esquerdo não é propriamente feliz. É certo que a aposta em Antunes não surtiu efeito e que uma hipotética adaptação de Caneira também não será o caminho a seguir. Mas, partindo do princípio que César Peixoto foi chamado para desempenhar funções no meio-campo (posição onde tem jogado no Braga), não consigo entender a ausência de Jorge Ribeiro. Curiosamente, Queiroz apostou nele quando não era titular no Benfica; mas desde que ganhou o lugar no seu clube (e com exibições regulares, sem comprometer), deixou de ser chamado para a selecção, situação que já ocorreu aquando do duplo confronto-fiasco com Suécia e Albânia.

No eixo da defesa, destaque para a ausência de Ricardo Carvalho, com problemas físicos recorrentes. Pepe, Bruno Alves e Meira são nomes consensuais. A opção seguinte seria Tonel, mas também ele se encontra lesionado. E entre Caneira e Rolando, Queiroz acabou por escolher o portista. A meu ver, é uma boa decisão, até porque se trata de um jovem na curva ascendente da carreira, sendo necessário aferir se se trata de “material de selecção”. De qualquer forma, não é líquido que Rolando tenha sequer direito a alguns minutos em campo contra o Brasil, mas é uma óptima oportunidade para o seleccionador acompanhar de perto um jogador que não conhecerá aprofundadamente. Ricardo Rocha e Ricardo Costa são cartas completamente fora do baralho, já para não falar no infeliz Jorge Andrade.

No meio-campo, Meireles, Moutinho, Maniche, Tiago e Deco. São escolhas que se aceitam. Moutinho e Deco são indiscutíveis. Se estiver em bom momento, Maniche também ainda é indiscutível (mas será que continuará a sê-lo por alturas do Mundial 2010, se lá chegarmos?). Meireles também está melhor que Miguel Veloso e as recentes boas prestações de Tiago na Juventus (finalmente!) justificam plenamente o seu regresso. Sem dúvida, todos eles são bons jogadores, mas constituem um leque desequilibrado de opções. Falta-nos um verdadeiro trinco (Petit ainda não tem substituto à altura) e um backup para Deco (quiçá um Manuel Fernandes mais experiente ou um Carlos Martins mais consistente). Se repararmos, a posição em que Meireles, Moutinho, Maniche e Tiago melhor encaixam, num 4-2-3-1, é a posição “8”, o box-to-box, o segundo médio. Portanto, penso que Queiroz irá apostar cada vez mais em Fernando Meira para a posição 6, sobretudo nos jogos teoricamente mais complicados.

Para o ataque foram chamados Simão, Nani, Danny, César Peixoto, Cristiano Ronaldo e Hugo Almeida. Antes de mais, esta convocatória é um aviso velado a Ricardo Quaresma. Enquanto o cigano tarda em afirmar-se no Inter, Queiroz vai experimentando alternativas para as alas, primeiro Duda e agora César Peixoto. A ausência de jogadores como Nuno Gomes, Postiga ou Yannick Djaló também indicia que, cada vez mais, Cristiano Ronaldo se irá assumir como o ponta-de-lança da selecção. Pelo menos até Liedson estar disponível. Será que nessa altura Queiroz vai finalmente desistir de chamar o limitado Hugo Almeida?

De forma a deixar bem clara a minha opinião sobre este tema, a minha convocatória para este jogo, ceteris paribus, não incluiria Paulo Ferreira, César Peixoto nem Hugo Almeida. Para os seus lugares, convocaria Jorge Ribeiro, Quaresma e Nuno Gomes. E já agora, o “meu” 11 seria o seguinte: Quim na baliza, um quarteto defensivo composto por Bosingwa, Pepe, Bruno Alves (apenas porque Ricardo Carvalho está indisponível) e Jorge Ribeiro, Meira como médio mais defensivo, atrás de Maniche e Deco, Simão e Danny nas faixas e Ronaldo na frente. Como está bom de ver, os jogadores dispor-se-iam em campo no afamado 4-2-3-1, táctica à qual a selecção está praticamente amarrada, dadas as características dos jogadores convocáveis.

2 Comments:

At 19:10, Blogger Unknown said...

Não concordo com a convocatória e subscrevo as tuas palavras. É inexplicavel a ausência de Nuno Gomes na convocatória, bem como de um lateral esquerdo de raiz. Talvez a melhor solução fosse mesmo o Jorge Ribeiro, apesar de eu não ser apreciador das suas caraterísticas.

 
At 21:04, Anonymous Anónimo said...

Penso que o que é anedótico nesta convocatória é a chamada de Cesar Peixoto e Rolando.
O primeiro nunca na vida fez nada de relevante. Agora no Braga tem andado entre lesões e castigos...convocado porquê? Porque é canhoto? Ou por causa do empresário? Ou porque o Braga começa a ter alguma relevância no seio da Federação? Por motivos desportivos não é certamente.
Quanto ao Rolando, embora reconhecendo nele algumas potencialidades, não lhe reconheço ainda tarimba para ser seleccionável. Valerá tanto como um Nunes ou um Manuel da Costa, ou mesmo menos.
A ausencia de Nuno Gomes não me surpreende. Se estivesse em boa forma (pelo menos isso, porque goleador nunca foi), o seu clube não teria tido a necessidade de contratar (e gastar muitos €s) em avançados.
Hugo Almeida é convocado porque é o único jogador português com potencial para se afirmar como ponta-de-lança. Talvez Edinho (desde que melhorasse algumas caracteristicas pessoais) poderia ser outra hipótese.
Finalmente a Jorge Ribeiro não lhe reconheço também capacidade para jogar na selecção portuguesa. Bem mais fiável é o Paulo Ferreira, mesmo não jogando no Chelsea. Não é à toa que lhe renovaram o contrato, e por lá decerto não são parvos. Ainda assim uma aposta no Antunes não me desagradava.
De resto na baliza concordo em pleno. No meio-campo não vejo outras alternativas. Embora tu digas que falta um novo "Petit" eu acho que falta mais um novo "Costinha". E não vejo ninguém que se possa assumir como tal.
É o resultado dos brasileiros que chegam em contentores aos clubes portugueses.
E também à politica nas equipas de juniores importando jogadores jovens de países pobres.
O que é certo é que o Vitória de Setúbal, sem qualquer estrangeiro no plantel de Juniores lá vai em 2º na sua série (onde jogam também Benfica e Sporting, por exemplo).
Enquanto não houver uma politica decente para o futebol em Portugal, vai ser complicado voltarmos a ter uma selecção como já tivémos.

 

Enviar um comentário

<< Home

Estou no Blog.com.pt Darling Harbour
Darling Harbour