segunda-feira, janeiro 12, 2009

Ó Jesus, só na Playstation, pá!

Compreendo perfeitamente aquilo que os responsáveis do Braga sentem neste momento. Já estive do outro lado e sei o que custa. Mas ao invés de seguir o trilho da polémica, prefiro realçar a excelente exibição e, sobretudo, a superior organização dos arsenalistas relativamente ao Benfica. Talvez não tenha o dom da oratória, talvez não tenha o perfil indicado para treinar um "grande", talvez até nunca venha a ter essa oportunidade, mas Jorge Jesus é definitivamente um dos melhores treinadores portugueses da actualidade. Todos lhe reconhecem mestria táctica (aliás, ele próprio não se coíbe de o assumir publicamente), mas Jesus brilha também pelos elevados níveis de motivação que consegue incutir nos seus jogadores, bem como pela forma minuciosa como estuda os adversários.

Se atentarmos na equipa-tipo do Braga de Jesus, constatamos facilmente que apresenta sempre de início 5 jogadores de características vincadamente ofensivas, caso isolado no futebol nacional. Dir-me-ão que o FCP joga com 3 avançados e Meireles e Lucho também atacam e que o próprio Sporting apresenta 2 pontas-de-lança, Izmailov, Vukcevic ou Romagnoli e ainda Moutinho. Concordo. Ainda assim, intrinsicamente, Meireles, Lucho e Moutinho defendem e atacam.

No Braga não é assim. À frente dos 4 defesas (em que João Pereira e Evaldo até são laterais muito ofensivos), Jesus coloca o vulgo trinco (Vandinho) e, daí para a frente, só temos artistas e pontas-de-lança. Se quisermos, Alan, Luís Aguiar, César Peixoto, Meyong e Renteria, ou ainda, Matheus, Jorginho, Paulo César e o incompatibilizado Linz. Dificilmente encontramos tão vasto arsenal ofensivo nas outras 15 equipas da Liga Sagres.

O Braga assume os jogos como os 3 grandes, privilegiando a posse de bola e o ataque organizado e continuado. Aliás, essa foi precisamente a atitude evidenciada na Luz, em que o Benfica sofreu para ter a bola e, quando a teve, viu-se obrigado a contra-atacar. De facto, com tantos artistas na equipa, nem faria sentido eles terem que passar a maior parte do tempo a correr atrás da bola e a defender. Pelos vistos, esta estratégia dá mesmo frutos e a bola deve andar pouco tempo perto da área de Eduardo (claramente, o guarda-redes português em melhor momento), pois o Braga é a melhor defesa da Liga Sagres, com apenas 6 golos sofridos nas 14 jornadas do campeonato. E aquele golo sofrido na Luz foi o que foi...

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