quarta-feira, dezembro 03, 2008

Recuo excessivo e seus efeitos secundários

Numa altura em que Quim atravessava um período menos bom e em que Moreira mostrou que era alternativa válida, jogoteclado sugeriu uma alteração na baliza do Benfica. Quique Flores optou por manter Quim como titular, com a legitimidade de quem acompanha o jogador diariamente. Contudo, o experiente guarda-redes não só não conseguiu sacudir a má forma, pontuada por um ou outro erro, como ainda acabou por entrar numa espiral de golos sofridos em catadupa, muitos deles com culpa própria, tanto na Selecção Nacional como no Benfica.

E agora? Se Quique Flores entregar a titularidade a Moreira no próximo jogo, tal será visto como um castigo a Quim; se o espanhol mantiver a sua aposta no actual titular, revelará teimosia e notória falta de confiança nos restantes guardiões do plantel. Mantenho a minha opinião inicial: Moreira merece uma oportunidade, ainda para mais na actual conjuntura, em que se impõe resguardar e acalmar um guarda-redes que já deu muito ao clube e ao futebol português.
Mas o principal problema do Benfica no jogo com o Vitória de Setúbal esteve no recuo excessivo da equipa. Não imediatamente após o 2-1, período em que a equipa continuou a criar oportunidades de golo (chegou mesmo a marcar…), mas nomeadamente nos últimos minutos. E um Vitória de Setúbal em perda física e anímica no jogo foi suficiente para reavivar a tendência masoquista do Benfica, que insiste em remeter-se à sua defesa para tentar segurar vantagens mínimas. Foi assim em Paços de Ferreira (no célebre 3-4), em Matosinhos (2 pontos perdidos a acabar), em Guimarães (limitado pela expulsão de Reyes) e, ainda mais estranhamente, na Luz, contra Naval (1-1 sofrido já nos últimos minutos, a que o Benfica ainda respondeu com um golo de Cardozo), Estrela da Amadora (1-0 muito sofrido) e agora Vitória de Setúbal.


Antes de mais não creio que sejam resquícios da goleada em Atenas, nem que a equipa se esteja a ressentir da ausência de jogadores lesionados, dado que este recuo com o Vitória não foi situação virgem. Penso que parte do problema passará pela deficiente preparação física da equipa (o que é estranho, dado que Pako Ayesteran é reconhecidamente um dos melhores do mundo). Mas, quanto a mim, a questão fundamental é de índole táctica. Este 4-4-2 clássico ainda não está suficientemente oleado, mormente a meio-campo, já que a ocupação de espaços não é claramente a mais correcta (Carlos Martins tem que melhorar a nível táctico e Reyes raramente ajuda a defender).

Penso que o esquema que mais se adequa a este Benfica seria o 4-3-3, sobretudo aos jogadores que iniciaram a partida com o Vitória: Katsouranis atrás de Rúben Amorim e Carlos Martins, Suazo na direita, Reyes na esquerda e Cardozo no meio. Com todo o plantel operacional, o meio-campo deveria assentar num triângulo invertido, com um duplo-pivot constituído por Yebda e Katsouranis ou Rúben Amorim, atrás de Aimar.

Outra hipótese plausível, esta já ensaiada por Quique Flores, será o losango, mas que só faz sentido com Aimar recuperado. Neste cenário, a dúvida seria o posicionamento de Reyes. Mas penso que, consoante o adversário, Reyes tanto poderia ser interior-esquerdo (na linha do que Izmailov faz no Sporting), como constituir a dupla atacante ao lado de David Suazo.

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