Considerações natalícias
Imbuído do espírito natalício e depois de um período futebolístico atribulado, resolvi finalmente comentar o que se tem passado nos últimos tempos:
- O Benfica prometeu contra o Estoril, mas só cumpriu com o Belenenses (até porque o Karadas arrancou um salto para a piscina a merecer final olímpica e o árbitro não se coibiu de lhe dar nota máxima...). De repente apanharam-se a perder por 3, ainda levaram outro e não foram mais porque o Moreira ainda safou umas bolas. Para o jogo seguinte com o Penafiel, Trapattoni estreou o Alcides (tem boa pinta) e resolveu tirar o Moreira da equipa. Muito sinceramente, sem culpar o Moreira, até entendo a decisão. Porém, isto pode ter o efeito nefasto de arrasar o moral do miúdo. De qualquer forma, eu mantenho a confiança no Moreira (espero que o Trap também) e espero que seja titular em Alvalade (ninguém se esquece daquela exibição da época passada, o que pode funcionar contra os jogadores do Sporting). Da vergonha inenarrável que foi o jogo com a galharda mas ingénua AD Oliveirense, não há comentário possível que faça que não desperte a cólera acumulada de 10 anos sem títulos. Só posso dizer que tenho direito a criticar porque estive lá, no estádio. E já agora, os penalties foram todos bem assinalados. Atenção, vem aí o Mantorras...;
- O Porto acaba o ano na frente da SuperLiga, venceu a Taça Intercontinental com toda a justiça, derrotou o Chelsea na última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões e vai agora ter pela frente o Inter, um autêntico conjunto de vedetas. O Porto ainda não falhou nos jogos decisivos e vai continuar assim, desde que consiga manietar o Adriano. Além das dispensas anunciadas de Maciel, Hugo Almeida e Hugo Leal (desta vez a alfinetada ao Benfica não resultou), especula-se agora sobre uma eventual saída de Carlos Alberto. O Porto volta a mostrar a todos que só talento não chega;
- O Sporting lá conseguiu antecipar o jogo com o Pampilhosa para o Liedson poder defrontar o Benfica, a troco do pagamento dos cachecóis já fabricados pelo Pampilhosa, nos quais está inscrita a data inicialmente estipulada para o jogo. Como disse o presidente do Pampilhosa "ninguém gosta de comprar coisas com erros de estampagem"! Não condeno o comportamento do Sporting. Não houve qualquer ilegalidade e se fosse ao contrário, eu também antecipava o jogo com a AD Oliveirense para que o Simão jogasse o derby. O Carlos Martins está em grande e o Custódio parece adicionar ao seu jogo uma dimensão goleadora que o torna mais completo. Com o Maniche lesionado, quem sabe se não se abrirá uma porta na Selecção?
- Sem se dar muito por si e já agora sem jogar muito por aí além, o Boavista anda na discussão do título. O Braga está muito bem também. O Vitória de Setúbal e o Marítimo estão em queda, enquanto que o Rio Ave está a subir. Atenção à União Leiria, que depois de 3 derrotas nas 6 primeiras jornadas, não mais voltou a perder. O Gil Vicente está lentamente a deixar os últimos lugares, o que não me surpreende. Académica, Moreirense, Beira-Mar, Estoril e Penafiel são, na minha opinião, os principais candidatos à descida.
- O Barcelona vai ganhar a Liga Espanhola, a Juventus vai dominar a Serie A e o Chelsea vai prevalecer na Premier League. O Barcelona, com um plantel curto e ainda por cima enfraquecido pelas lesões, vai fraquejar um pouco, mas nada que impeça a conquista do título. A Juventus vai continuar o mano-a-mano com o AC Milan, Nedved vai resolver jogos a favor dos primeiros e Shevchenko manterá o AC Milan na corrida, mas a chave vai ser a contribuição de Ibrahimovic para a vecchia signora, por oposição a um certo apagamento de Kaká nos rossoneri. O Manchester United vai ultrapassar um Arsenal curto de opções, que vai quebrar (sobretudo se vencer nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões), mas não irá chegar para alcançar o Chelsea, que vai aguentar a pressão.
- Shevchenko venceu a Bola de Ouro, à frente de Deco e de Ronaldinho, que ganhou o prémio da FIFA para Melhor Jogador do Ano. O prémio entregue pela FIFA resulta de uma votação na qual participam os treinadores e os capitães de todas as Selecções. Como tal, privilegia o brilhantismo individual do futebolista, as suas exibições, os seus golos, as suas fintas, em suma, a magia que espalha pelo campo. Assim sendo, e até levando em linha de conta a sua exposição mediática, acho que o prémio está muito bem entregue ao Ronaldinho. Já a entrega da Bola de Ouro ao Shevchenko não me convence. Shevchenko é fantástico, eu até sou adepto do AC Milan, mas a Bola de Ouro costuma consagrar aqueles que aliam as performances individuais aos títulos colectivos. Está bem, o Shevchenko fui fundamental na conquista da Serie A. Mas, para isso muito contribuiu o Kaká. E o Henry carregou o Arsenal (que bateu os recordes de invencibilidade) às costas durante o ano todo, foi campeão inglês, melhor jogador e marcador da Premier League. Na Liga dos Campeões, Milan e Arsenal foram eliminados nos quartos-de-final (por Deportivo e Chelsea, respectivamente); Shevchenko não conseguiu levar a Ucrânia ao Euro 2004, competição onde Henry não se destacou. Por tudo isso, e também porque ninguém levará a mal que defenda o que é nosso, Deco merecia o Ballon D'Or da France Football. Também ganhou a sua Liga interna, mas venceu a Champions League (MVP da final e da competição, eleito pela UEFA) e foi finalista do Euro 2004, onde espalhou a sua classe, tendo sido autor de uma exibição assombrosa frente à Espanha. Faltou mediatismo ao mágico, para que a ilusão fosse completa.
P.S.: Faço votos de um 2005 fantástico, com muita paz, saúde e alegria. Que o desporto sirva para unir as pessoas, sem polémicas ou guerras desprovidas de sentido, quer na hora da vitória, quer na hora da derrota.
posted by Miró @ 01:31
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