quarta-feira, março 23, 2005

Jornada em tons de vermelho

SuperLiga

O Sporting desperdiçou uma excelente oportunidade para vergar o Porto a uma goleada histórica. A jogar contra 9, o Sporting arriscou pouco, culpa não só do cansaço acumulado, mas também da pouca ambição que corre nas veias do seu treinador. Quanto mais não fosse, o Sporting tinha obrigação de ir para cima do Porto tentar anular o 3-0 da 1ª volta. Não conseguiu e sublinhe-se que o golo do Carlos Martins já foi marcado bem depois da hora.

O Benfica não fez mais que a obrigação de um líder que procura consolidar a sua vantagem em semana de clássico entre os outros grandes. Ganhou em Setúbal, não sem alguma felicidade. Senão vejamos. Veríssimo, formado nas escolas do Benfica, passou a semana a dizer que queria ajudar José Couceiro, seu ex-treinador no Vitória. Afinal, perdeu uma bola de forma infantil para Simão e não teve outro remédio senão fazer-se expulsar. Depois foi Paulo Ribeiro, que tem um pré-acordo com o Porto (já confirmado por todos) para a próxima época, que resolveu dar um frango monumental, permitindo ao Manuel Fernandes estrear-se finalmente a marcar nesta época. Por último, Miguel cruzou, Auri aliviou mal para a entrada da área, Geovanni rematou com o seu pior pé e a bola desviou no mesmo Auri, traindo Paulo Ribeiro. Estrelinha de campeão?

Atenção, muita atenção ao Boavista. Se não perderem tantos pontos fora, são, na minha opinião, mais favoritos que o Porto, o Braga e talvez mesmo o Sporting (o cansaço da Taça UEFA deixa marcas, pois o Sporting costuma perder sempre a seguir aos jogos europeus). Além disso, o Jaime Pacheco é o único treinador que sabe o que é ser campeão português.

P.S.: A indisciplina no Porto é assustadora. McCarthy, com mais 3 jogos de castigo, vai acumular 9 partidas em que esteve ausente por motivos disciplinares, nos quais se incluem 3 explusões e um processo sumaríssimo.

domingo, março 13, 2005

Falta de hábito

SuperLiga

Nunca pensei que veria o Porto perder 4-0 em casa. Benfiquista desde sempre, cresci a ver um Porto ganhador, quase sempre campeão. Estas vitórias crónicas, muitas vezes alicerçadas em expedientes menos claros, e a constante atitude bairrista e peneirenta fizeram crescer em mim um ódio visceral pelo FC Porto. Por outro lado, apesar das grandes vitórias que alcançaram nos últimos anos e da supremacia interna indiscutível nas últimas duas décadas e meia, os adeptos portistas sempre tiveram inveja do Benfica. Ainda hoje, qualquer golo do Porto é festejado com um cântico depreciativo em relação ao Benfica.

Por tudo isto, não tenho pejo em assumir que torço sempre pela derrota do FC Porto em qualquer jogo em que participe. Mesmo nas competições europeias. Em relação ao Sporting é diferente, não me importo que vençam, apenas festejo as suas derrotas na brincadeira com amigos sportinguistas.

Nem é preciso dizer que vibrei com os golos do Nacional, mas confesso que mais do que festejar a derrota do Porto, fiquei surpreso com a goleada. E voltando ao que disse inicialmente, não estava habituado a insucessos tão estrondosos dos portistas. Parece que esta SuperLiga se encaminha para um final mais parecido com o "antigamente": um duelo da 2ª Circular. Assim seja e que vença o Benfica.

segunda-feira, março 07, 2005

Já tinha saudades

SuperLiga

Este sim é o Sporting que eu conheço! O coveiro Hugo já não enterrava a equipa há muito tempo e até o velho Peseiro fez questão de aparecer. Para a entrada do Douala, então não é que o Peseiro tirou o Carlos Martins, ainda com o Pedro Barbosa e o Sá Pinto em campo! E depois a substituição decisiva com a entrada do João Moutinho para o lugar do Custódio. Parece o outro, quando mete o Dos Santos e tira o Fyssas...

Costuma-se dizer que o campeão é a equipa mais regular. Ora se é assim o Sporting não pode ser campeão. Às vezes joga bem, outras exibições são de bradar aos céus. Nisso fica a perder para Porto e Benfica. Ao menos esses jogam sempre mal!

sexta-feira, março 04, 2005

Faleceu o inventor do "futebol total"

A seguir à portuguesa, a minha selecção preferida é a holandesa. A razão é simples: a vitória no Euroepu de 88, cujas meias-finais e final tenho registadas em vídeo. Jogos esses aos quais assisti até à exaustão enquanto criança. Ainda hoje sei nomear, de memória, esse onze titular holandês: van Breukelen; van Aerle, Rijkaard, Ronald Koeman e van Tiggelen; Wouters; Vanenburg, Erwin Koeman e Mühren; Gullit e van Basten.

O Euro'88 foi a única grande conquista internacional da selecção holandesa. Mas quem a viu jogar, não se esquece da equipa finalista do Mundial de 1974, comandada por Johan Cruyff. Essa era a verdadeira laranja mecânica, que praticava o futebol total, assim denominado porque todos os jogadores atacavam e defendiam. Qualquer jogador podia desempenhar qualquer posição no terreno.

Denominador comum: o seleccionador Rinus Michels, cujo coração lhe pregou a última partida ontem, 3 de Março de 2005, aos 77 anos.

Rinus Michels chegou ao Ajax com 12 anos, em 1940. Tornou-se um avançado-centro de eleição, especialista no jogo áereo. Estreou-se pela 1ª equipa em 1946, frente ao ADO Den Haag, jogo em que marcou 5 vezes numa vitória por 8-3. Manteve-se no Ajax até 1958, quando se retirou devido a uma lesão nas costas, com um pecúlio de 120 golos no campeonato holandês. Foi internacional por 5 vezes.

Apesar da sua interessante carreira enquanto jogador, Michels destacou-se como treinador. Voltou ao Ajax em Janeiro de 1965 e salvou o clube da descida de divisão. Nas 3 épocas seguintes (65-66, 66-67 e 67-68) foi campeão holandês, feito que alcançou novamente em 69-70. Venceu a Taça da Holanda em 67, 70 e 71, último ano ao leme do Ajax e no qual venceu a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Era o início do futebol total.

Rinus Michels saiu no Verão de 71 para o Barcelona, onde conquistaria o título espanhol em 74. E nesse Verão orientaria a famosa laranja mecânica, de Ruud Krol, Arie Haan, Wim Jansen, Johan Neeskens, Rob Rensenbrink, Johnny Rep e, claro, Johan Cruyff.

Apesar da derrota na final com a selecção anfitriã (a R.F.A. de Sepp Meier, Berti Vogts, Franz Beckenbauer, Paul Breitner e Gerd Müller), foi a Holanda que brilhou, com o seu futebol atractivo e envolvente que ainda hoje perdura no imaginário de quem o presenciou e que é encarado como algo superior, inatingível, mítico por aqueles que, como eu, apenas o conhecem das imagens televisivas a preto-e-branco.

Depois de passagens pelos E.U.A. e pela Alemanha, Rinus Michels viria finalmente a vingar-se da R.F.A. em 1988, quando a Holanda derrotou os alemães, em solo germânico, nas meias-finais do Europeu, por 2-1, com um golo de van Basten no último minuto. A Holanda derrotaria a U.R.S.S. por 2-0 na final (com golos de Gullit e van Basten, este último o golo mais célebre de todas as edições do Europeu) e Rinus Michels conquistou finalmente um troféu ao mais alto nível pela selecção.

Após o Europeu de 1992, com a derrota da Holanda nas meias-finais, frente à futura campeã Dinamarca, nos penalties, o "General" (assim conhecido pelo queixo quadrado e pela postura séria, apesar de possuir um sentido de humor apuradíssimo) retirou-se do futebol. Afectado por problemas cardíacos, continuou a assistir ao vivo, sempre que possível, aos jogos caseiros do seu Ajax e a colaborar com a KNVB (federação holandesa de futebol) e com a UEFA.

Para aqueles que ainda não se aperceberam do impacto que Rinus Michels teve no futebol mundial, resta dizer que o holandês foi eleito pela FIFA, em 1999, como o Melhor Treinador do Século.

Fonte: www.uefa.com

Clássico anormal

SuperLiga

O Porto recebe o Benfica. O árbitro é o António Costa. As equipas estão iguais no campeonato. Ou seja, estão criadas as condições para que o clássico seja aquilo a que todos estamos habituados. Jogando melhor ou pior que o Benfica; com ajudas maiores ou mais pequenas do árbitro; com maior ou menor demérito do Benfica (seja ele medo, falhas defensivas, nervosismo que se reflecte disciplinarmente); marcando no início ou no fim; o Porto ganha o jogo.

Começa o jogo e... surpresa! O Benfica entra sem medo, com pouco atrevimento é certo, mas encarando o adversário de frente. O tempo passa, o Porto toma as rédeas do desafio, mas o Benfica não se desconcentra. António Costa não interfere no desenrolar natural dos acontecimentos e o Benfica não se enerva. Nuno Assis remata à trave; Geovanni aparece isolado, finta Baía e falha o golo; e McCarthy abre o activo. Tudo num espaço de 90 segundos e com 25 minutos para jogar. E, qual cereja no topo do bolo, o Benfica não baixa os braços, parte para cima do Porto e empata a partida, 10 minutos depois.

Com 15' por jogar, ambas as equipas têm oportunidades para vencer, mas o jogo acaba com um empate justo, sem casos. Olha, afinal o Porto - Benfica também tem incerteza no resultado! Quem diria?

P.S.: A última vez que o Benfica pontuou na casa do rival azul e branco foi em 1993/1994. Lembram-se quem foi campeão pela última vez nessa época? Coincidências...

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