domingo, janeiro 18, 2009

Carlsberg Cup: provavelmente, a pior taça do Mundo...

Não me agrada este modelo da Carlsberg Cup. A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) que promoveu a redução dos campeonatos profissionais que tutela de 18 para 16 equipas é a mesma que agora decidiu criar uma nova competição, escudando-se no argumento de que mais jogos equivaleriam a maiores receitas. Angariou novo patrocinador (Carlsberg) e prometeu espectáculo.

Contudo, a LPFP sabe perfeitamente que só há receitas (leia-se direitos televisivos) se houver interesse dos adeptos nesta competição. E, em Portugal, só há interesse (pelo menos, que se veja) se os "grandes" estiverem envolvidos. Como Porto, Sporting e Benfica têm mais com que se preocupar, aproveitam esta competição para promover a rotatividade do plantel. E como a Carlsberg Cup não dá acesso a qualquer competição europeia, nem os próprios clubes pequenos dão grande importância a este fait-divers do calendário futebolístico nacional.

Na 1ª edição do troféu, os grandes entraram nos 1/8 final, ou seja, com 16 equipas em prova, numa eliminatória a apenas uma mão e na casa da equipa teoricamente mais fraca (determinada pela classificação do ano transacto). Que risco enorme! O Porto foi logo eliminado em Fátima e, na Reboleira, o Benfica só conseguiu superar o Estrela da Amadora nos penalties. Mas caiu mesmo na ronda seguinte, mérito do Vitória de Setúbal, que viria a vencer a prova. Só o Sporting chegou à poule final, em que 4 equipas jogaram entre si, a uma volta (ao invés de optar por meias-finais convencionais, a LPFP promoveu aqui mais uma tentativa de aumentar o número de jogos - 3 por equipa e não 1).

Para esta 2ª edição, dado o fracasso da edição inicial, a LPFP optou por alterar o formato. Os "grandes" entraram quando apenas restavam 12 equipas em prova e directamente numa fase de grupos. Assim, não só estavam garantidos pelo menos 3 jogos para Porto, Sporting e Benfica (isto na lógica comercial de que só estas equipas geram interesse rentável), como estes ainda acabavam por ter a possibilidade de corrigir um eventual mau resultado. Em cima disto tudo, o "capricho" do sorteio ainda ditou que Porto, Sporting e Benfica jogariam dois jogos em casa nesta fase de grupos.

E assim, com todos a ajudar para o mesmo lado (FC Porto - Vitória de Setúbal, com Bruno Vale e Leandro Lima a ajudarem a casa-mãe; Rio Ave - Sporting, com golo de Vukcevic em posição acampada de fora-de-jogo e Benfica - Belenenses, com Bruno Paixão a emendar os erros de Moretto), os grandes lá caminham alegremente para as meias-finais, para enorme contentamento de Hermínio Loureiro e seus pares. Enfim, é o futebol que temos.

P.S.: Não gosto nada de Jesualdo Ferreira, mas tenho que lhe dar razão. É absolutamente impensável que os jogos desta última jornada da fase de grupos se disputem com horários tão díspares. É de um amadorismo gritante, que em nada credibiliza esta competição. Já lá vai o velho ditado, pau que nasce torto jamais se endireita...

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Parabéns Cristiano Ronaldo, parte 2

Cristiano Ronaldo foi eleito, justamente, o Jogador Mundial FIFA do Ano de 2008. Na votação de treinadores e capitães de todas as selecções mundiais, Ronaldo bateu por larga margem Messi e Fernando Torres.

Não creio que Ronaldo seja novamente galardoado daqui por um ano, mas o 2008 foi dele. Por isso e porque já escrevi tudo o que tinha a escrever acerca deste assunto aquando da atribuição da Bola d'Ouro, fico-me por: Parabéns Cristiano Ronaldo!

Ó Jesus, só na Playstation, pá!

Compreendo perfeitamente aquilo que os responsáveis do Braga sentem neste momento. Já estive do outro lado e sei o que custa. Mas ao invés de seguir o trilho da polémica, prefiro realçar a excelente exibição e, sobretudo, a superior organização dos arsenalistas relativamente ao Benfica. Talvez não tenha o dom da oratória, talvez não tenha o perfil indicado para treinar um "grande", talvez até nunca venha a ter essa oportunidade, mas Jorge Jesus é definitivamente um dos melhores treinadores portugueses da actualidade. Todos lhe reconhecem mestria táctica (aliás, ele próprio não se coíbe de o assumir publicamente), mas Jesus brilha também pelos elevados níveis de motivação que consegue incutir nos seus jogadores, bem como pela forma minuciosa como estuda os adversários.

Se atentarmos na equipa-tipo do Braga de Jesus, constatamos facilmente que apresenta sempre de início 5 jogadores de características vincadamente ofensivas, caso isolado no futebol nacional. Dir-me-ão que o FCP joga com 3 avançados e Meireles e Lucho também atacam e que o próprio Sporting apresenta 2 pontas-de-lança, Izmailov, Vukcevic ou Romagnoli e ainda Moutinho. Concordo. Ainda assim, intrinsicamente, Meireles, Lucho e Moutinho defendem e atacam.

No Braga não é assim. À frente dos 4 defesas (em que João Pereira e Evaldo até são laterais muito ofensivos), Jesus coloca o vulgo trinco (Vandinho) e, daí para a frente, só temos artistas e pontas-de-lança. Se quisermos, Alan, Luís Aguiar, César Peixoto, Meyong e Renteria, ou ainda, Matheus, Jorginho, Paulo César e o incompatibilizado Linz. Dificilmente encontramos tão vasto arsenal ofensivo nas outras 15 equipas da Liga Sagres.

O Braga assume os jogos como os 3 grandes, privilegiando a posse de bola e o ataque organizado e continuado. Aliás, essa foi precisamente a atitude evidenciada na Luz, em que o Benfica sofreu para ter a bola e, quando a teve, viu-se obrigado a contra-atacar. De facto, com tantos artistas na equipa, nem faria sentido eles terem que passar a maior parte do tempo a correr atrás da bola e a defender. Pelos vistos, esta estratégia dá mesmo frutos e a bola deve andar pouco tempo perto da área de Eduardo (claramente, o guarda-redes português em melhor momento), pois o Braga é a melhor defesa da Liga Sagres, com apenas 6 golos sofridos nas 14 jornadas do campeonato. E aquele golo sofrido na Luz foi o que foi...

terça-feira, janeiro 06, 2009

Erros, erros e mais erros e lá se vai a liderança

E ao 13º jogo, o Benfica lá perdeu na Liga Sagres. Dados os recentes desempenhos da equipa de Quique Flores, todos tinham consciência que tal aconteceria mais cedo ou mais tarde. Mas ninguém esperava era que essa derrota surgisse na Trofa, frente ao até então lanterna vermelha da prova.

Contudo, a vitória do Trofense sobre o anterior líder do campeonato até acabou por ser um resultado justo e que só surpreende quem não assistiu à partida. Aliás, treinador e jogadores do Benfica acumularam uma série de erros que levaram a que este desfecho se tornasse quase inevitável.

Os problemas começaram logo antes da pausa natalícia. Numa das últimas conferências de imprensa antes das mini-férias, Quique Flores afirmou que a sua equipa técnica tinha preparado um plano físico e alimentar de 7 dias para os jogadores e que esperava que estes cumprissem pelo menos 3 desses dias. É impressão minha ou isto é confiar demasiado no profissionalismo dos rapazes? É que a partir daquela frase, de certeza que a malta se sente imediatamente à vontade para não resistir à tentação dos sonhos, das fatias douradas, das filhós, do bolo-rei, do espumante e por aí fora. E fisicamente, o Benfica tem sido tudo menos brilhante.

Entra o Ano Novo, o Sporting passeia em Setúbal, o Porto garante os 3 pontos in-extremis na Choupana e o Benfica entra em campo, na Trofa, frente ao último classificado, embrulhado nos equívocos tácticos do costume, com aquele 4-4-2 clássico que obriga a equipa a jogar sistematicamente em inferioridade numérica no centro do terreno. Ainda se depois o Benfica desequilibrasse os adversários nas alas...

Junte-se-lhe o desperdício da colocação do melhor médio-centro do plantel (Rúben Amorim) na faixa direita; a incapacidade de Di Maria; e a insistência em apostar no desgraçado do Binya que até corre muito, mas bate ainda mais e cuja habilidade intrínseca para jogar futebol é simplesmente inexistente. Depois, há Carlos Martins e Aimar que, fustigados por lesões e sem ritmo competitivo, nunca conseguiram “ter” a bola, pegar no jogo e servir Suazo, cuja colocação como ponta-de-lança também não potencia as suas principais características, o poder de explosão e a velocidade.

O Benfica foi incapaz de criar jogadas de perigo na 1ª parte, exceptuando um cabeceamento de Suazo no minuto inicial (belo cruzamento de Jorge Ribeiro, que foi obrigado a jogar a lateral e a extremo, o que depois origina autênticas crateras nas suas costas) e um outro lance em que Aimar aparece completamente sozinho, com tudo para fazer o golo, mas em que não consegue fazer melhor do que rematar à figura. Apetece perguntar quando é que o verdadeiro El Mago vai decidir mostrar-se e calar todos os detractores que o dão como acabado para o futebol…

Os erros seguintes desembocaram no primeiro golo do Trofense. Numa bola parada ofensiva, a segunda bola sobra para Di Maria, que a perde duas vezes consecutivas e dá origem a um contra-ataque rapidíssimo do Trofense. Reguila aparece isolado pela direita e decide-se pelo remate, a bola sai à figura, mas até Moreira se junta à festa e dá um valente frango (Quim não saiu ao primeiro erro, portanto duvido que Moreira saia agora, com excepção da Taça da Liga).

Para a segunda parte, Quique tentou equilibrar a equipa, com a saída do inoperante Di Maria e a entrada de Cardozo (mesmo lento e desmotivado, é o goleador máximo da equipa). O 4-4-2 clássico passou a losango e o Benfica até parecia aproximar-se do empate, mas os disparates ainda não tinham terminado e eis que Binya vê dois amarelos. Imediatamente, Quique tira os outros médios do losango (Amorim e Martins) e lança Yebda e Balboa. Outro disparate, pois de um momento para o outro, o Benfica passa de 3 para apenas um médio, permitindo ao meio-campo do Trofense engolir facilmente aquilo que sobrava das águias. Logo aí, o jogo ficou resolvido e o 2-0 só serviu para dar ainda mais brilho à exibição abnegada do Trofense.

E para terminar o chorrilho de asneiras, Quique Flores teve ainda a audácia de afirmar no flash-interview que a substituição de Binya estava a ser preparada, através dos necessários “dibujos” (desenhos, em espanhol)… Relembro que o Benfica estava a perder e que o camaronês foi amarelado aos 49’ e aos 64’… Isto dá o quê? 15 minutos de desenhos?

P.S.: Rui Costa não teve medo e enfrentou os furiosos adeptos no final do jogo. Ficou na retina a expressão “O que é que querem que eu faça?!”. Como eu te percebo, Rui! Fica um conselho, vai buscar o Pedro Mendes, que o Rangers está aflito de dinheiro e o SLB está aflito de um médio-centro em condições.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Nacional 2-4 Porto, um hino ao futebol e um hino à burrice

Vejamos:
- 90 minutos de jogo;
- A minha equipa esteve a ganhar, sofreu a reviravolta, mas depois até conseguiu recuperar e está empatada com o tricampeão nacional;
- Um adversário desfere um remate de longe, típico das equipas que estão à beira de perder pontos quando não o esperavam;
- O tal remate nem aparenta ser muito perigoso, mas ainda assim, na baliza até está um guarda-redes de excelentes reflexos, que está a cotar-se como um dos melhores em campo.
Sou defesa-central desta equipa, chamo-me Felipe Lopes, aproveitei a lesão do Halliche para ganhar o lugar nos últimos jogos e agora o que faço? Pois bem, vou cortar a bola com a mão, dentro da área, de forma evidente e até pessimamente disfarçada.

Obviamente, Pedro Proença não teve dúvidas e apontou para a marca da grande penalidade (advertindo o tal central pouco inteligente com o segundo amarelo e consequente vermelho), Lucho não tremeu (ele que até tem falhado vários penalties nos últimos tempos) e o Porto ganhou 2 pontos que provavelmente já dava como perdidos. Já o Nacional de Manuel Machado deixou fugir um pontinho que decerto seria extremamente saboroso e que iria encher o ego do seu treinador, o qual, decerto, não enjeitaria a oportunidade para passear a sua famosa verborreia léxico-gramatical pela conferência de imprensa e afins.

Mas apesar deste detalhe que acabou por decidir o jogo, não posso deixar passar em claro a exibição espectacular de Cristián Rodríguez. Sim, começou mal a época e a sua contratação provocou instabilidade salarial nos colegas, mas a verdade é que o Cebola tem subido, e muito, de forma e assume-se cada vez mais como um dos jogadores mais decisivos da Liga Sagres. E que dizer daquele pontapé de bicicleta…

P.S.: O Hulk lá meteu mais dois golitos, o primeiro numa recarga a defesa de Bracalli e o segundo em mais uma arrancada “à Hulk”, com a bola colada ao pé esquerdo, seguido de um remate fulminante.

Vitória fácil em Setúbal confirma bom momento do Sporting

O Sporting deslocou-se a Setúbal não só com o desígnio natural de querer vencer o seu jogo, mas também com o objectivo de pressionar os rivais Porto e Benfica, que apenas entravam em campo no dia seguinte e igualmente na condição de visitantes.

A missão leonina não se afigurava de elevado grau de dificuldade, pois desde o início de Outubro que o Vitória de Setúbal tem vindo a apresentar um rendimento bastante pobre. De facto, depois de obter 7 pontos nos 4 primeiros jogos da Liga Sagres, no último trimestre de 2008 os sadinos apenas somaram 4 pontos (em 8 desafios), fruto de uma vitória caseira sobre o Belenenses e do célebre empate na Luz, conseguido graças à “boa-vontade” de Quim.

Até Paulo Bento decidiu facilitar a sua própria vida, ao optar por deixar o inócuo Romagnoli no banco (no caso, apostando em Vukcevic). A meu ver, o Sporting só tem a ganhar com esta alteração, dada a apatia gritante que El Pipi demonstra na maioria das suas acções. Com Vuk o Sporting ganhou garra, velocidade e acutilância, pelo menos em teoria, já que o montenegrino, claramente a acusar défice de ritmo de jogo, até acabou por nem realizar uma exibição de encher o olho.

Quanto ao jogo propriamente dito, o inevitável Liedson e o incansável Moutinho resolveram a partida ainda na primeira parte e, sem grande alarido, o Sporting somou os 3 pontos e colou-se aos rivais. E são 13 pontos conquistados pelos leões nos últimos 15 disputados (desde a derrota caseira com o Leixões). Só a Académica resistiu, graças à exibição memorável de Peskovic no Alvalade XXI.

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